17. Soc-soc, bang-bang
Segundo o espólio documental do cinema e depoimento testemunhal de José Francisco Filho ainda em vida, a programação do Ipanema era bastante variada, porém o gênero “western”, o popular faroeste, tinha a preferencia de grande parte do público, notadamente o público masculino. Inclusive foi um faroeste que encetou as sessões no cinema predecessor da cidade. O "western", que foi apropriadamente denominado pelo crítico francês André Bazin nos anos 50 como “o cinema americano por excelência”, reunia elementos em sua composição que provocavam fácil empatia nos espectadores sertanejos tão familiarizados com a paisagem rural, os cavalos, vacas e bois, as pradarias, serras, cactos, rios, cercas, porteiras, além da bravura daqueles "cowboys" empoeirados, armados com revolveres e rifles defendendo a honra, a lei e a ordem na base da bala e dos socos e pontapés.
As cenas de ação do faroeste provocavam gritos e apupos na plateia, os espectadores acompanhavam o tropel dos cavalos em disparada batendo com os pés no chão, aplaudindo com entusiasmo e colocando os dois dedos na boca para produzir aquele sonoro assovio.
Em contraste com as movimentadas cenas de lutas corporais e tiroteios, as cenas de beijo entre o cowboy e sua namorada provocavam um
profundo silêncio, como se todos tivessem prendido a respiração subitamente petrificados na cadeira.
Na grade de programação do Ipanema, os muitos filmes de faroeste exibidos entre os anos de 1949 e 1951, traziam como astros os caubóis Gene Autry, Hopalong Cassidy (William Boyd), Roy Rogers, Tim Holt (caubói-astro do filme "Justiça Vingadora" que inaugurou o Cine Ipanema) e muitos outros.
Comentários
Postar um comentário