15. “Eu quero que eles vejam”

Não foram poucas as vezes que alguém chegou na porta do Cine Ipanema, olhar pidão, sem dinheiro para o ingresso e Zé Filho franqueava a entrada. O pai, observando aquela generosidade permanente do filho, alertou: “Desse jeito vai faltar dinheiro para o aluguel da sala e a conta de luz”, Zé Francisco dizia: “Tem nada não, eu quero mesmo é que eles vejam o que é um cinema!”. Foi com esse espírito desprendido, visando mais a apresentação e compartilhamento da novidade do que propriamente a parte comercial, que José Francisco Filho, sem nenhuma pretensão de ser reconhecido por isso, acabou lançando em sua querida Santana o marco fundador da atividade cinematográfica, inaugurando assim um novo tempo no campo cultural da cidade proporcionando aos seus habitantes o contato direto com a forma de entretenimento e arte mais avançada do seu tempo: o filme cinematográfico.

Vale lembrar que nestes primórdios a atividade comercial cinematográfica era bastante dispendiosa, as distribuidoras americanas cobravam tudo do exibidor, desde uma taxa pelas caixas que acomodavam os rolos dos filmes no transporte (frete de ida e volta também pago pelo exibidor), passando pelas fotos e cartazes da publicidade, o trailer e os complementos (curtas e desenhos animados) exibidos nas sessões. Algumas vezes as distribuidoras alegavam que o filme tinha partes estragadas pela exibição e cobravam uma multa pelo "dano".

Recibo do aluguel do primeiro andar do sobrado onde funcionava o cinema

Recibo de pagamento do aluguel de um filme exibido no Cine Ipanema

Fatura de pagamento do frete e carreto de um filme

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